sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Macule lê

Vem Êre vem curumim dançar macule lê.

Cepos de cana e dorsos negros destacam no cinza dos canaviais.

Versos de ódio em melodias de amor, cantadas em dialetos pra iludir o feitor.

Vem curumim vem êre, dançar macule lê.

Ao som dos atabaques, batendo as grimas, porretadas na discriminação.

Hoje somos livres, temos orgulho somos nação.

Nação negra branca indígena.

Somos guerreiros descendentes da tribo de Ioruba.

Salve nossa senhora da purificação

Salve oxalá, salve esta terra Brasil.

Preto branco índio macule lê.

Markos Câmara

Homenagem a puxada de rede.....

Arrastão

Madrugada, estrelas flutuam no nada.

Jangadas cortando as ondas.

Pontos de luz no escuro do mar.

Pescador se sentiu em casa ouvindo o canto de Iemanjá.

As mulheres na areia, olhos perdidos no horizonte fazem suas orações.

Que a pesca seja boa, que os homens voltem felizes para o nosso doce lar.

Pescador acorda cedo, muito bem antes do sol.

Já lançou todas as redes como se fosse um lençol.

A luz engolindo as trevas anuncia o dia raiando.

Já se pode ver da praia todas as jangadas voltando.

A volta é sempre mais fácil, alem da alegria Iemanjá vem empurrando.

Na praia tudo é festa, as mulheres cantam matam de inveja as sereias.

A união faz de todos os braços um só.

A rede ta pesada, mas nossa alegria é maior.

Puxar a rede é nosso oficio. Puxar a rede é nosso caminho.

Markos Câmara.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ULTIMO DISCURSO ANTES DA MORTE...



Quando eu for embora.

Eu brindo aos velhos amigos.

Pelas grandes batalhas por tão poucas conquistas.

Aos amores destruídos.

Aos jardins sem lírios.

Eu brindo a heresia, dos murros destruídos pelos homens bombas.

A angustia, pesadelos, que perturbam o sono de Deus.

Eu brindo a ilusão, de quem foi embora pra nunca mais voltar.

Que por medo ou por engano não ouviu seu coração.

Eu brindo a paixão, que move as montanhas e nos faz voar.

Pra alcançar os céus e beijar os lábios de Deus.

Eu brindo a loucura, dos que seguem em frente mesmo estando sozinhos.

Nadando contra a corrente, eu sou cem Por cento eu.

Eu brindo a solidão dos que estão cansados de tantos desencontros.

Pros que faltam coragem, o melhor e dizer não.

Quando eu for embora, quando chegar minha hora,não me ascendam velas quero só uma canção.

Quando eu for embora, quando chegar minha hora não me tragam flores, quero só uma canção.

Markos CÂMARA.