Sentado na pedra mais alta do jardim de violetas, ele contemplava a floresta ao longe.Estava introspectivo, precisava tomar aquela decisão, há muito pensava em fazê-lo. Mas foi se deixando levar foi levado pela ciranda, depois de certo tempo você se sente confortável se acostuma com a tontura. Mas agora era diferente, precisava mudar as coisas,então se levantou, atravessou o jardim andando lentamente, e entrou em casa.Sentou-se a mesa da cozinha fez uma careta para o suco de laranjas, e tomou café com chocolate, comeu com pouca satisfação uma fatia de bolo de cenoura. Ficou mais um tempo há pensar levantou-se e foi ate o quarto.No corredor de acesso a sala encontrou-se com a mãe. Que o perguntou com um sorriso no rosto já cansado pela luta diária.- bom dia, tomou seu suco de laranjas, ta uma delicia!Ele respondeu sem sequer olhar nos olhos da mãe.- bom dia mãe, eu não gosto de suco de laranjas, tomei café com chocolate.A mãe com o ar de espanto; parou no meio daquele corredor que tinha pouco mais de dois metros, e ficou a observar o filho atravessá-lo. Houve um tempo em que aquele corredor parecia incrivelmente maior. Ele chega à sala, olha as garrafas de bebida no bar ao lado da estante de livros, como não havia percebido tudo aquilo antes. Subiu as escadas para o andar de superior onde ficava seu quarto. Aquela escada, já perdera a conta de quantas vezes a subira, houve um tempo em que ela também parecia muito maior. Agora, ele abre a porta do seu quarto acha tudo meio estranho, pega a coleção de soldadinhos de chumbo sobre a mesa, joga todos numa caixa de papelão sobre eles joga também os gibis e os potes de bolinha de gude. Pega a caixa nos braços, ela parece extremamente leve, desce as escadas de dois em dois degraus, na sala para por um momento, observa as garrafas, os livros, um novo mundo tão perto, atravessa o corredor, entra na cozinha. Sua mãe sentada à mesa só o observa. Ele coloca a caixa sobre o balcão da pia, vira-se para a mãe e diz num tom frio e decidido. Quase uma ordem, quase militar...- dê pro filho da vizinha. Diz isto apontando para a caixa. Antes que a mãe respondesse alcançou a porta dos fundos girou a maçaneta e deteve-se ao ouvir a pergunta da mãe.- onde você vai tão cedo? Ele vira-se para mãe desta vez com um sorriso no rosto, responde.- eu vou cuidar do jardim.A mãe totalmente aterrorizada levanta-se e abre a caixa de papelão. Olha os soldadinhos de chumbo, os gibis, e as bolinhas de gude, o coração apertado no peito, mas ao mesmo tempo feliz, ela fala para si mesma. A partir de agora os dias nunca mais serão os mesmos, afinal, Peter Pan, decidiu crescer...
Markus Câmara. verão de 2011.